sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Nota do tempo de uma repulsa


Espantou as gentalhas com alguns retalhos.

Afugentou os espiões que curiavam as plantações.

Tirou a hostilidade de perto daquela propriedade.

Mandou a desordem para longe de suas terras,

Evitando, portanto, a manifestação de novas guerras.

Remendado em tecidos coloridos,

Transformou-se em uma pessoa deselegante.

Um homem extremamente necessário,

A figura de um espantalho.




!!!!!!!!!!!!A todos um FELIZ 2012!!!!!!!!!!!!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Bicho sórdido*

           Involuntariamente, lágrimas rolaram. Na batida da corda contra o chão, a blusa estilo bata pulava junto com o balanço do seu corpo. Uma brincadeira qualquer no meio da descomplicada rua sem saída. Então veio ele com seu patinete e estragou a alegria das meninas. Passou pelo meio propositalmente só para atrapalhar, achando aquilo engraçado. Ao mesmo tempo em que isso acontecia, um ser volumoso sentou no reservado com as pernas escancaradas, deixando pouco espaço para quem viesse sentar ao seu lado. Mesmo com o assento menor que o habitual, alguém sentou lá. Mas logo chegou uma gestante, a quem foi oferecido o lugar de direito, porém estreito. O verme ao lado nem se mexeu. E muitas manhãs têm o seu início assim: bêbados, desodorizados com spray nauseante, fétidos, porcos sem educação, hálitos podres, axilas ardidas e suadas. Neste final de primavera, o cheiro das flores passa bem longe daquele lugar. Esse bicho asqueroso consegue ser intragável mesmo quando criança, estragando a alegria das meninas.

*Aos homens que se esqueceram do respeito, do sabonete e de todas as maravilhas deste mundo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desvirtuada sensação

            Embarcaram no vagão do metrô. Com mochila nas costas, vestiam jeans e calçavam tênis. A mais encorpada vestia uma camiseta folgada. A mais magra vestia uma blusa estilo babylook. Conversavam de pertinho, usavam aliança de compromisso e estavam com os pálidos rostos avermelhados pelo sol que ardia bem acima dos trilhos. Por alguns segundos eram apenas adolescentes comuns, melhores amigas. Mas algo desviou a atenção dos homens daquele vagão quando os lábios das meigas garotas se encontraram. Naquele instante, tornaram-se atrizes de um imperdível filme. Eles as olhavam, pareciam gostar e ao mesmo tempo não acreditar. Pasmados e com receio, às vezes, mudavam de vista. Elas pareciam não se incomodar. A pouca timidez fazia com que se tornassem únicas no ambiente coletivo. Uma cena que, pelo visto, ainda está longe de ser considerada uma virtude. Por enquanto há quem respeite e não aceite, ou quem aceite e respeite, como também quem não respeite e nem aceite.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nota do tempo de uma gestação

           Nove meses foi o tempo aproximado que Ele definiu para presentear os casais com uma nova vida. E assim, por diversas gerações, almas ímpares nasceram complementando seus novos pares. Amadurecem virtudes regadas de cuidado, carinho e respeito. Suculento fruto que será colhido e saboreado. Há ainda, aqueles que o contam como se quisessem apagar o brilho das estrelas em seus bolsos. Outros que jamais contemplarão diálogos com a Via Láctea. Indiferentes aos invejosos, e gratos aos sábios, fazem de cada vitória a oportunidade de comunhão e de sagração espiritual, seja com presentes simbólicos, seja com o simples voto de amor e amizade. Abençoadas gestações intensificam sonhos de solidificar ainda mais a conquista. Quando Deus permite, a providência é apenas uma sutil e doce consequência da natureza.


Nota do tempo escrita por Johnny Nogueira dos Santos

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ávida depreciação

          Naquela vida há, nitidamente, um desgosto. Nada agrada e nenhuma causa nobre amolece aquele coração. Até o entretenimento lhe é enfadonho e banal. Ignora a classificação indicativa, valorizando somente o julgamento precoce, não reflete nem para analisar o público-alvo. Expressa opinião no vazio, muitas vezes, sem fundamento, por ser uma vida pouco vivida. E há quem siga e concorde com tais censuras, como se estivessem presos no cabresto. Seguidores que, sozinhos, perdem-se desorientados e não sabem para onde ir, algemados naquele domínio. O mestre? Continua julgando, tornando amargo o que para outros é doce. Colocando uma pitada de rabugice em vidas simpáticas. Envenenando todos ao redor com o que ainda, de fato, não sabe fazer: criticar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mar metalizado

            33 graus Celsius. Não ventava, nenhuma nuvem fazia sombra, as fofas branquelas passeavam distantes da bola de fogo. O solo negro correspondia com mais calor e aquela onda se movimentava devagar, muito mais do que deveria e quase sempre parava. A espuma branca se enfurecia com os números elevados do contador, pois o tempo de espera era demorado demais. Algumas ondas eram demasiadamente extensas, o fim delas não se alcançava com os olhos. Não refrescava a vida, nem fazia o vai e vem da maré. Lavou a alma de muitos com inúmeros gases fétidos, deixou o calor ainda mais insuportável. O mar era renovado a cada luz verde, dissipava aos poucos até a luz vermelha interromper o curso das ondas novamente. Em pouco tempo se faziam tantos em número, em cor, em preferência, em estilo e em aparência, que já não mais ganhavam admiração. Porém, duas rodas sob leve estrutura, impulsionada pelos pés e com os cabelos ao vento, poderiam formar uma onda mais atratativa, livre de toda essa saturação.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nota do tempo de uma grande estima

           Ele apareceu naquela morada há, aproximadamente, um ano. Cheio de medos e melindres. Agachava-se a cada barulho que escutava, parecia muito abalado. Mas com o passar dos meses se adaptou e conquistou a todos os moradores daquele lar. Pequenino e magro ganhou tamanho e corpo. É dengoso, esperto e muito saudável. Sente saudades, reclama quando está incomodado e pede com olhos atentos quando precisa de alguma coisa. Como pode ele parecer tão racional quando está na cadeia dos irracionais?! Claro, aqui há suspeita para falar dele. Porém, hoje é dia de São Francisco de Assis, não que isso signifique a crença nos que já se foram e nem naqueles feitos estátuas, mas em um homem que foi conhecido por seu apreço aos animais e à natureza. Por este motivo, unicamente por este, esta é uma nota de grande estima pelo querido e amado Dilbert*.

*Clique no nome Dilbert para vê-lo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Terras áridas

           Cantava afinado e alegre. Alternava com assobios, dirigia com pressa para chegar ao destino. Queria se refrescar e deixar a grande circunferência que calejava suas mãos em mais um dia quente. A canção que entoava lembrava as regiões agrestes, a caatinga nordestina. De pés descalços na terra distante dos centros urbanos... Um choro com saudades do sertão. Pelo reflexo dos óculos escuros, deitada sobre um colo amoroso, via os postes e fios elétricos, as árvores apressadas, tudo ficando para trás abaixo de um limpo azul celeste de poucas nuvens. Naquele calor escaldante e desidratante, uma música contagiou meu estado de espírito. Em um momento que eu mais ouvia, por não poder falar.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ócio

Tão ausente quando precisamos dele.

Tão presente quando não queremos ele.

Tão eficaz para promover textos como este.

Tão cruel quando preferimos o contrário.

Tão injusto quando se tem tanto para fazer.

Tão capaz de provocar a discórdia.

Tão oportuno se usado para o mal.

Tão confuso quanto não fazer nada com ele...

Ao ponto de saber e não poder fazer com ele o que se quer fazer.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Nota do tempo de um jardim

          Na ternura daquele carinho, transportou-se para um lugar seguro. Cuidadosamente foi depositada na cava funda de um abraço terreno. Regada por lágrimas de felicidade, brotou vida verde da seiva que germinava. Atravessou o escuro e respirou fundo incontáveis perfumes. Regada por lágrimas de felicidade do orvalho que a refresca, gotas escorrem por suas delicadas e pequenas pétalas. Adubada de amor, cresce e floresce iluminada por uma intensa e constante luz natural. Desabrocha em sinal de alegria. Uma brisa a faz dançar vagarosamente. Na colheita, espera fazer alguém feliz, mesmo que seja por pouco tempo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ponto preenchido

         Mesmo com alguns lugares vagos, o homem sentou no chão do trem. Ao lado dele um lugar ocupado por uma mulher e o outro lugar totalmente livre. Curiosa essa atitude. Depois que a mulher levantou, ele sentou exatamente onde ela estava. Talvez fosse o lugar da sorte. O lugar em que sempre sentava. Ou apenas o lugar de preferência e nenhum outro lhe servia. Cada um tem o seu lugar, com nome, sem nome, há um lugar para cada um. Enquanto isso, alguns estão a vagar no limbo sem convicções de que o seu lugar ainda é o que antes era. Aquele lugar em que se sentia bem já não lhe enche mais os olhos. Noutro lugar, um com maior comodidade, parece ser o mais agradável. Embora não seja o lugar em que deveria estar, mas o que gostaria de ficar.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A negligência do tic tac

         No badalar de uma hora, o relógio corre e você atrás dele ou raramente na frente. No adiantar das horas, os acontecimentos passam por seu nariz sem que perceba a grande diferença entre os homens. O estranho comportamento no transporte coletivo em busca de algo que havia guardado embaixo de algum banco traseiro do ônibus. Em meio a frases soltas e o falar sozinho nas avenidas poluídas e pretas unhas de muito tempo sem saber o que é um banho. As isoladas noites no frio e de sonhos edificados no gelado concreto. Aquecido com o jornal que já não serve mais e as doses conquistadas com as míseras moedas de um dia infeliz explícito na face de um pobre ser privado de bens palpáveis e impalpáveis. Enquanto o precioso tempo passa, todas as forças daquele indivíduo se concentram na única e aparente saída: a sobrevivência. Distante da família que provavelmente teve, do tratamento que nitidamente necessitava e do aconchego que talvez tenha dispensado... Maltrapilho, ele estava perturbado com as vozes em sua cabeça, os ruídos provindos de quem só ele vê e ouve. Nas esquizofrenias da vida lamentável, aventura-se entre os carros pela rua, desafia o pingo de segurança que ainda possui já sem amor a vida, sem amor-próprio. As horas passam e ele nem sequer escuta o tic tac...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nota do tempo de um inverno

         Nota dez significa boa coisa para os que buscam a perfeição. Dia dez ou décimo dia, um importante dia para comemorar o que foi cuidadosamente plantado, cultivado com todo amor e respeito, e hoje dá muitos frutos de felicidade. Taças apimentadas ganham a doçura da cereja e chocolate. Uma história e prova de amor que, caracterizada em filme, faz lágrimas rolarem. Pequenos presentes carregados de significados e o calor dos chocolates quentes aquecem abraços que levam para casa a inspiração para compor. Música na versão da noite, lembrança de um charango... Nos ‘shuimis’ de um frio de 7°C, o inverno se vai pela manhã, derrete-se com o sol. O astro-rei que se põe no vermelho céu aos finais de tarde e deixa o luar amarelado e deslumbrante como sempre, dando início a mais uma noite fria, uma noite de inverno.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Trace sua face

        As várias faces do homem denunciam o seu estado de espírito. Ora exaurida, ora cansada, ora abatida. Na rua estão presentes expressões da tristeza, da indiferença e da fome. Enrugadas peles outrora macias e cuidadas. Sorrisos tímidos exprimidos atrás dos fones de ouvidos. Óculos pesados nos narizes machucados. Pés de galinhas expostos perto dos brancos cabelos na sombra dos olhos. Poros suados de um dia aterefado, enfadonho e necessário. Narinas incomodadas com a inalação precária da poluição insolúvel de vaidade contrária ao estar bem. Porque sois um no meio de muitos, no meio de todos, no meio de uns tantos com faces terrivelmente ferozes. Faces revoltadas, talvez despeitadas. Que o seu semblante não te roube o real reflexo da sua verdadeira face. Arranque qualquer máscara que cubra o teu rosto. Deixe a sua “face oculta” no recôndito da memória mais falha. Pois a hipocrisia beira uma face, portanto, dispense a segunda.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nas incertezas da dúvida cruel

          Se o mundo foi criado de uma gigantesca explosão mágica que transformou pó em coisas palpáveis e toda magnificência da natureza, até hoje existente, de átomos espertalhões que resolveram se transformar em todo tipo de plantas e animais exuberantes, alguns dotados com a capacidade de produção, e considerar que o ser humano, único ser racional na face do planeta terra, nasceu de uma ameba em constante evolução capaz de possuir um cérebro que ainda é um mistério para muitos médicos e especialistas na área neurocirurgiã e outras mais, ouso citar a frase de um filme romântico chamado “Diário de uma Paixão”, história fantástica e uma verdadeira prova de amor, que é a seguinte: “A ciência vai até certo ponto, doutor, depois vem Deus”.
         Enquanto se acredita em filosofias para contradizer o que não proveio do além, existe a incerteza nas invenções matemáticas, milimetricamente estudadas, testadas, fisicamente planejadas para o resultado previsto, anteriormente, pensado... O que não é sábio para um inventor, compositor e qualquer outro profissional se baseado na dúvida. Se não ter certeza é o certo e a convicção pairou no tempo, cria-se um conceito de crise existencial da qual é uma teoria conspiradora fundada em um pensamento dedutivo. Portanto, acreditar em um Criador faz muito mais sentido, visto que a convicção motiva uma esperança (mesmo ciente do mal que rodeia o mundo) inigualável, da qual o ser humano deve sempre se orgulhar e crer que ainda existam motivos para enxergar o que de fato é bom, viver.

sábado, 14 de maio de 2011

Fim da via

Naquela via férrea giram rodas todos os dias,

Do tic tac de distintos destinos 

Acompanham a via aquática de águas esgotáveis

Em curso contrário ao das rodovias

Onde circulam carros incontáveis.

Assim Via-Láctea via telescópio

Olhar fixo nas aéreas vias

Que sobrevoam vias tortuosas

Onde cai a chuva e corre galerias.

Tubulosos espaços de vias sinuosas

Por caminhos pluviais

Até rumos fluviais

Por rateios cruciais.

Todavia, percorre a viatura

No viaduto de sirenes ensurdecedoras

Víboras às vias arteriais

Palpita o coração de vias congestionadas

Ataque de veias atoladas

Da via na qual circula a vida

Sem viço, falece o último suspiro.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nota do tempo de uma bigorna

          A responsabilidade roubou tantas coisas da adorável infância, deixou para trás as manhãs recreativas na escola, as tardes felizes na rua e as noites de engraçadas brincadeiras. Agora, ela sufoca os órgãos interiores com tanto aperto que a qualquer momento uma hemorrágica rebeldia nasce dentro do corpo humano. Esse peso mais parece uma manada de passos largos que pretendem pisotear a vida em potencial força e longevidade. Para sentir a leveza de uma pluma levada pelo vento, ignore as vontades compulsivas, abrace um travesseiro fofo, cante que “o amor é um campo de batalha”, porque nem todos querem levar bigornas pelo resto da vida. Existe vida após um virar de página, lá existe vida. Que um desafio considerável seja alcançar o peso pena.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Prudente silêncio

Vozes ao vento

dos ouvidos dispostos

para as línguas inquietas

de interpretações perigosas 

e atravessadas metas.

Para a sensatez, a indiferença.

Para a saúde, um incômodo.

Para a incerteza, uma crença.

Para toda verdade, o bom senso.

Entoe pensamento e não vozes ao vento

Enquanto avistar nuvens nebulosas, cala-te.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alma cravada

Desde quando ela era uma criança, ouvia falar deles. Os que aparecem na noite e estão nos cemitérios esperando por alguém. Às vezes ela se cobria com um lençol branco para imitá-los e provocar espanto, achava engraçado. Depois de um tempo, descobriu que eles não existiam... Decepção? Era indiferente, eles só vinham para prejudicar a paz alheia. Ela acreditava que seus pais inventaram isso para explicar os medos e aflições que sentiam pelas pessoas vivas e mal-intencionadas. A garota considerou o questionamento um tanto complicado e não quis mais saber desses seres. Mas alguma coisa do passado voltou a assombrá-la. Ela não sabia que era tão forte a ponto de fazê-la, talvez, abandonar tudo o que tinha conquistado até então. A partir daí, descobriu o que realmente era assustador... Aquela alma cravou sentimentos em seu coração. Sentimentos que voltaram à tona para sua vida e arremessaram-na para um lugar denso e intenso. Algo ainda mais complexo que a existência dos big boos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Nota do tempo de uma canção

“Acordei e abri a janela
Sol nascendo uma coisa tão bela”

A música nasce com o dia. Os passarinhos comemoram o nascimento de cada um deles, dias úteis e de descanso, estão sempre a cantar. Muitos motivos para celebrar. A vida, não tão perfeita como deveria ser. A saúde, não tão plena como se deseja... Mas enquanto houver dia para agradecer, as tristezas de outrora semearão terras encharcadas de lágrimas que renderão frutos de tudo aquilo que um dia planejou-se colher. Fazer da vida um canção é ser como os pássaros, que voam, que colhem, que se reproduzem e alimentam suas crias. Que cantam ao nascer e ao morrer de mais um dia, que constroem o próprio ninho e confiam de que o lar vai estar intacto no regresso, na certeza de um aconchego para o esperado e merecido descanso. Sonhos de passarinhos, quais serão? Não devem ser muitos, pois o sonho mais belo eles já realizam, a arte de bater as asas e levantar voo.

♪ “Ao abrir suas asas ao vento ele voou
Parecia em seu voo querer encontrar 
Com o seu Criador

terça-feira, 22 de março de 2011

Embriagados de amor


O meu 
amado 
acordou 
preocupado, 
espantou-se 
com o sentimento 
que tomou o seu coração. 
Nossos pensamentos se 
encontraram na fonte da 
nossa inexplicável afeição. 
Nos reconhecemos tão 
apaixonados das 
incontáveis 
taças do vinho 
mais concentrado, 
sublime safra do amor.
Somos bêbados culpados,
da tontura do nosso beijo,
da alegria do nosso carinho,
da igualdade do nosso desejo,
da preferência por esse vinho.
Cambaleamos desenhando 
traços da linda sensação de 
acertados passos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Não desejo isso, deleto

Há oito anos realizei o cadastro dele. Foi o primeiro que tive. Permitia o contato particular/pessoal com alguns dos amigos e desconhecidos também. Era a atração do momento, mas nem todos estavam acostumados com aquele tipo de comunicação. Demorou um pouco para se criar o hábito de consultar aquela caixa de mensagens. O problema não é esse, digo, um dos problemas. Sabe, percebi nesses oito anos de convivência com essa caixa, que muitas mensagens dão a volta no mundo e depois de alguns meses ou até mesmo anos, lá estão elas de novo, na minha caixa de entrada. As terríveis correntes disseminadoras de vírus e discórdia entre os emissores e receptores. Triste. Como os seres humanos perdem um tempo desses? Enfim, cada um faz com as suas 24hs diárias o que quiser, mas corrente no endereço eletrônico, para mim, é lixo. Desculpem-me os mais sensíveis, mas é a verdade sobre e-mails indesejados.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nota do tempo de uma temporada

          Seriados são realmente empolgantes e para acompanhá-los, o ideal é não perder nenhum dos episódios. O tempo em que ficam em exibição? Uma boa de uma temporada, que são estendidas em vários numerais! Ao entrar de férias, as pessoas fazem de suas vidas um verdadeiro seriado, planejam uma temporada em algum lugar diferente. Espairecer por algum período. Há casos em que espairecer é muito bem-vindo. Principalmente depois de longos três anos no mesmo ambiente de trabalho. Fase de experiência, aprendizados válidos, amigos e profissionais que ficarão na memória e outros que nem serão lembrados. A temporada já acabou, e é preciso buscar novas oportunidades se o humor permitir. Novos episódios serão escritos e exibidos. Elaborar um plano para outro tipo de empreendimento, aquele que não lhe mantém integralmente em ocupação, pois existem outras questões que necessitarão de um pouco mais de atenção neste ano. Para alguns é uma semana feliz... Olha o sorisso: =)! A semana de finalização dessa série, de desfecho de mais um capítulo. A última semana de labor em determinado ambiente, mas não a última da vida!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A falsa arte de professar

Organizar ideias é algo muito complexo.
Dias passam e fica cada vez mais difícil mantê-las em ordem,
Ao pensar que estão quase lá...
Embaralham-se e perturbam uma mente ainda jovem e sadia.
E escutar coisas negativas faz piorar ainda mais o processo de evolução.
Ao invés disso, perdem-se pensamentos com vãs observações,
Aquelas observações generalizadas, fincadas em mente conservadora.
Mentes exauridas, que acham que já sabem sobre tudo e todos,
Traumatizante é saber que são letrados e legalmente tutores.
Julgam e não querem ser julgados.
Arremessam ofensas e se faz “pecado” enfrentá-los,
Porque a lei é engolir o choro.
Meros diplomas em azedadas e emblemáticas molduras.
Corroídos por traças nas paredes rachadas.
Cérebro exausto por filosofias aprofundadas na falta de ética.
Nivelar por baixo é mais fácil, pois limita uma mente já enfadonha,
O nível pela gentalha é prazerosamente repetido.
Demonstrar contrariedade não enfraquece o dito “brilho”.
Discursos professos na hipocrisia de suas fracas crenças,
O olhar desesperado e o olhar de quem despreza.
Arrogâncias e desrespeitosas mantras são despejadas,
Ouvidos feitos penicos transbordam de segundas a quintas-feiras.
Decepção fundada na figura de um mestre.
Felizmente existe a exceção...
Alguns são apenas professores,
E outros, Os professores.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Velha nova vida

         Ela passou toda arrumadinha com uma bolsa chiquérrima. Cabelo curto e tingido de castanho claro, roupa básica, mas notável elegância em preto e branco que, na dúvida, é uma combinação perfeita! Qual seria a idade dela? Talvez quase seus 70 anos... E ainda assim arrancava olhares de encantamento. Nessa mesma esquina da vida já passaram senhoras desprovidas do bom senso. Senhoras que ainda acham que podem fazer tudo o que faziam quando eram mocinhas. É verdade, elas ficaram teimosas! Assumir o posto de vovó é uma grande responsabilidade, e na beleza de fios brancos nascem o respeito e a admiração. Arrumadinhas e cheirosas elas conquistam o mundo, porque vovó já foi menina, adolescente, mulher mãe e é a voz que emitirá constante sabedoria. Hoje ela é vovó, uma fase da vida que não é o fim, porém outra maneira de ver a vida... Com uma nova perspectiva.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Nota do tempo de uma rota

          Pés empoeirados e calejados desviavam das pedras cravadas no barro seco. Tropeços no meio do trajeto escaldante feriram aquele corpo já cansado de tanto penar por aí. Andarilho do tempo repousou na encruzilhada da vida a escolher um caminho. Com sede e aparente cansaço não parecia ser prazenteiro pensar por qual deles deveria trilhar. Mas pôs-se a questionar “Quantos de mim também não gostariam de ter este privilégio?”. O caminhante percebeu que só seguia o rumo que lhe parecia mais viável, porém, esqueceu-se da rota que havia planejado. Exaustivos estudos de mapas, caminhos estrategicamente predefinidos no traçar de um lápis tornaram-se meros arquivos esquecidos. Abusou da bússola de liberdade, sua visão já turva impedia a consulta nos papéis enriquecidos de opções. Desfaleceu na esquina da bifurcação, aterrorizado e sem amparo. A fuga falhou outra vez, pois sua rota não é nova rota, seu percurso é um caminho pensado e repensado. Um passo para o desvio é um passo para um fim desventurado.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"O alerta chama"

Agora já me avisa outra vez o alerta laranja
na Barra de Tarefas do Windows
Será ele?

Por que entrei no Messenger hoje?
Por que há tempos já não o bloqueei?
Dessa vez como ele falará...
pois sobre o quê falará eu já sei.

Dessa vez, se eu ficar brava
Será que ele vai teclar comigo outra vez?
E se eu não ficar brava
parecerá que não me incomodei?

Apenas gostaria de saber:
estou zangada, com pena ou me apaixonei?
Se ele não fosse parte da minha infância
Hoje eu teria feito tudo diferente?
Pois algumas coisas que ele diz...
deixam o meu corpo tão quente.

Eu o encontrei, estou pagando o preço
Tenho que trabalhar e me concentrar
e de dispensá-lo eu me esqueço
Quero que me dê o tratamento que mereço

Pois eu sou apenas uma garota
E para mim, ele é um querido amigo
E se eu me sentir sozinha (qualquer dia)...
Será que ele tecla de novo comigo?

*Este poema é de "Autoria Preservada" e foi publicado por ser uma das Singelas Obras que nascem de Nobres Rabiscos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Era uma vez o pirilampo

O calor insuportável permitiu que as janelas ficassem abertas. Durante aquela noite quente, um inseto entrou no recinto e debateu-se contra a porta. Com muita dificuldade tentou voar, mas suas asas deveriam ter sofrido alguma lesão. Emitia sons de insetos voadores desnorteados, sem saída e sem saber para onde ir. Sua tentativa de escape foi cansativamente vã, pois ao aparecer, caminhava para debaixo da porta quando um golpe o acertou. Nesse momento, suas luzes acenderam e emitiram uma esperançosa cor verde. O ser humano pensou: “Não acredito! Matei um pirilampo!”. Aos poucos aquela luz se esvaía. Uma lumeeira a menos, um belo lampíride foi apagado pela insensatez. O pobre pirífora poderia ser devolvido para natureza num estado de melhor espírito sensorial. Seu voar sem rumo apagou aquele brilho esverdeado, bonito inseto de verão. Perambulou em estranho ambiente, vagueou na contramão. Voem vaga-lumes! Para bem longe de quem não os reconhecem apagados.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Marca registrada

        Estrangeiro. Por meio de invasões e guerras o trouxeram. Pode ser que não gostem dele, talvez ele seja comprometedor, pode ser que te incomode ou que lhe traga boa herança. O popular?! A maioria possui. Pode ser motivador, histórico e um tanto simplório, mas tem a sua marca registrada, uma família a honrar. Zelar. Para ficar na lembrança.
         Fizeram-lhe agrados, reduções, diminutivos, cortaram-no pela metade para torná-lo carinhoso, talvez. Independente disso, ele tem o mesmo significado. Existem livros que explicam seus respectivos significados e também suas origens. Os repetidos se diferenciam naquele que vem depois. Por isso, quando conheceres alguém, pergunta-lhe também a próxima marca.
        Há marcas que são adoráveis, respeitosas, marcas que dão medo ou que provocam irritação, marcas polêmicas, comuns, marcas conhecidas e desconhecidas. Essas marcas são identificadas em qualquer lugar do mundo, já chegaram a dizer que é a única coisa que te pertence... A valorização dela está em qualquer quantidade de tempo em que é preservada, perpetuará por toda a eternidade se assim desejar.

        Cordialmente, deixo-lhes minha marca em registro:

         Analina Arouche

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nota do tempo de uma chave

         Instalou-se para não mais sair. Um trinco de pensamento e ação. Atitudes sistematicamente programadas para execução. Esqueceram do tempo sozinho, do tempo acompanhado, do seu tempo. Estacionou na vida programada de tarefas, de atribuições que não mais cabiam no interior daquela perturbada fechadura. Viu muita coisa passar e muita coisa quis vivenciar. Mudaram-lhe a posição, repousou atormentada de agitação e não parou de funcionar.  O que aconteceu com a cabeça? Uma chave a quer controlar. Ora está “On”, ora está “Off”.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Raiz da beleza

          Rala cobertura apareceu. A consciência foi pouco vestida por uma só cor. Descobriu-se que podiam alterar a ordem natural do autêntico véu. Ensopado de outra coloração mudou de aparência, mas aquelas raízes não negam a origem, não negam o verdadeiro tom. Amarrados uns aos outros não consegue escapar e livres ao vento voam sem parar. Arrumados em topetes de fixação ou amaciados pelos frascos da inovação. Penteados, arrepiados em moicanos e alisados progressivamente todos os anos. No calor da chapa quente ficam brilhantes, emanam aquele cheiro molhado de caros e raros hidratantes.  Às vezes escondidos no tecido de um boné. Longos, curtos, lisos e crespos... Formam ondas de vários fios judiados, renovados na navalha das incertezas rejuvenescedoras. Maltratai-os enquanto puder, até que a cabeça brilhe e roube sua saudável estadia de mechas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ponto Cruz de Gabriela

         Naquela nécessaire havia uma caixinha verde claro de tampa rosa, agulhas com tamanhos variados estavam dentro dela. A mulher mamãe tirou de lá uma das agulhas, e da nécessaire uma toalhinha de bebê. Depois de muita consulta ao papel com várias figuras, nasceu a imagem de um urso, trocou a linha marrom por linha vermelha e costurou também um coração. A toalha branca era preenchida por adoráveis mãos delicadas e, aos poucos, seu espaço em branco ganhou figuras infantis muito envolventes. Pacientemente, a dona de um afetuoso talento, terminou a imagem e passou para o nome daquela que já estava para chegar... Escolheu a cor rosa. Conforme as perfurações na toalha, pequenas cruzes formavam o nome dela, da menina Gabriela.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nota do tempo de um temporal

Chuva, chuvinha, chuvarada! Chuvoso, chuvisco, chuviscado! É isso mesmo que está acontecendo? Sua fúria inconformada? Enxurradas de rebeldia. Pobre água! Não tem mais espaço para escoar... A selva de pedras raptou sua terra, seu espaço, seu lugar. Mortes inaceitáveis, culparam os governantes, soluções nas papeladas nunca caminham avante. Culparam também o lixo! Jogaste porcaria na rua. Joga-o também na tua casa? Aquele bicho é um cidadão, porque tem bicho que é porcalhão. Caiu muita água do céu, revoltado dilúvio de verão, quando tudo secar... A morte por falta de chuva será a reclamação.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ser humano

            Ao nascer chorou, o grito de bem-estar, de estar bem. Esperavam ele chegar. Limparam-no, seu susto aliviou. Pois foi para os abraços! E em colo quente se aquietou. Não era tigre, não era zebra, não era onça, mas suas marcas eram únicas. Intransferível ser, faz a vida ser espetacular, pela maneira de viver, um indivíduo singular! Passem dias, meses e anos, será sempre a mesma pessoa. Com sua peculiaridade, seja ela ruim ou boa. Crescer é evolução, amadurecer é etapa, sentimento é coração e do sofrimento ninguém escapa. Desanimado ou contente, viverá situações, algumas pacatamente e outras ambições. Fará exercício de paciência, talvez prefira sonhar. Nunca acostumará com a ausência daqueles que aprendeu a amar. E quando vier a hora, saberá o que fazer, pois sua vida começa a desfalecer. Ficará na memória de quantos tiver alcançado, enquanto seu viver for digno de ser propagado. Porque ser humano é humano ser.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Conto diário

Imagem: Rui Moura - br.olhares.com

O grande livro foi aberto. Suas páginas são o passaporte para a felicidade. Cada linha representa um fragmento do percurso iniciado há alguns dias. A jornada está apenas no começo e daqui em diante a chance de escrever algo novo está nos próximos espaços em branco. Cada dia preenchido é uma experiência única, que não poderá ser substituída, nem apagada, não haverá nenhuma lacuna entre o escritor e sua descrição. Se um dia deixar de escrevê-la, será lembrado da parte em que parou. Todos os teus feitos estarão arquivados nos livros anteriores a este, portanto, sua memória está ligada a um fiel registro de própria autoria. Hoje, ao entardecer, uma página será virada. Os pássaros se despedirão do sol e vão se recolher em seus ninhos, quando isso acontecer, saiba que mais um dia chegou ao fim... Uma página em branco surgirá para que você escreva mais um pouco de sua história. A vida é assim, um conto legítimo. Seu passado preservado, seu presente moldado e um futuro para planejar, se possível realizar e no fim, se é que existe um, todos terão uma história para contar, com tristezas e alegrias, com batalhas ganhas e outras perdidas. Soldados feridos, cicatrizes de guerra da luta pela sobrevivência, marcas profundas que a vida deixa. Experiências para crescer, levantar, limpar a armadura e voltar ao combate. Não se renda, nunca desista. E também não espere o inimigo recuar, porque ele espera o mesmo de você. Um novo ano é uma nova oportunidade para que, cada ser que respire, escreva mais um importante capítulo de sua vida.