segunda-feira, 18 de julho de 2011

A negligência do tic tac

         No badalar de uma hora, o relógio corre e você atrás dele ou raramente na frente. No adiantar das horas, os acontecimentos passam por seu nariz sem que perceba a grande diferença entre os homens. O estranho comportamento no transporte coletivo em busca de algo que havia guardado embaixo de algum banco traseiro do ônibus. Em meio a frases soltas e o falar sozinho nas avenidas poluídas e pretas unhas de muito tempo sem saber o que é um banho. As isoladas noites no frio e de sonhos edificados no gelado concreto. Aquecido com o jornal que já não serve mais e as doses conquistadas com as míseras moedas de um dia infeliz explícito na face de um pobre ser privado de bens palpáveis e impalpáveis. Enquanto o precioso tempo passa, todas as forças daquele indivíduo se concentram na única e aparente saída: a sobrevivência. Distante da família que provavelmente teve, do tratamento que nitidamente necessitava e do aconchego que talvez tenha dispensado... Maltrapilho, ele estava perturbado com as vozes em sua cabeça, os ruídos provindos de quem só ele vê e ouve. Nas esquizofrenias da vida lamentável, aventura-se entre os carros pela rua, desafia o pingo de segurança que ainda possui já sem amor a vida, sem amor-próprio. As horas passam e ele nem sequer escuta o tic tac...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nota do tempo de um inverno

         Nota dez significa boa coisa para os que buscam a perfeição. Dia dez ou décimo dia, um importante dia para comemorar o que foi cuidadosamente plantado, cultivado com todo amor e respeito, e hoje dá muitos frutos de felicidade. Taças apimentadas ganham a doçura da cereja e chocolate. Uma história e prova de amor que, caracterizada em filme, faz lágrimas rolarem. Pequenos presentes carregados de significados e o calor dos chocolates quentes aquecem abraços que levam para casa a inspiração para compor. Música na versão da noite, lembrança de um charango... Nos ‘shuimis’ de um frio de 7°C, o inverno se vai pela manhã, derrete-se com o sol. O astro-rei que se põe no vermelho céu aos finais de tarde e deixa o luar amarelado e deslumbrante como sempre, dando início a mais uma noite fria, uma noite de inverno.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Trace sua face

        As várias faces do homem denunciam o seu estado de espírito. Ora exaurida, ora cansada, ora abatida. Na rua estão presentes expressões da tristeza, da indiferença e da fome. Enrugadas peles outrora macias e cuidadas. Sorrisos tímidos exprimidos atrás dos fones de ouvidos. Óculos pesados nos narizes machucados. Pés de galinhas expostos perto dos brancos cabelos na sombra dos olhos. Poros suados de um dia aterefado, enfadonho e necessário. Narinas incomodadas com a inalação precária da poluição insolúvel de vaidade contrária ao estar bem. Porque sois um no meio de muitos, no meio de todos, no meio de uns tantos com faces terrivelmente ferozes. Faces revoltadas, talvez despeitadas. Que o seu semblante não te roube o real reflexo da sua verdadeira face. Arranque qualquer máscara que cubra o teu rosto. Deixe a sua “face oculta” no recôndito da memória mais falha. Pois a hipocrisia beira uma face, portanto, dispense a segunda.