quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alma cravada

Desde quando ela era uma criança, ouvia falar deles. Os que aparecem na noite e estão nos cemitérios esperando por alguém. Às vezes ela se cobria com um lençol branco para imitá-los e provocar espanto, achava engraçado. Depois de um tempo, descobriu que eles não existiam... Decepção? Era indiferente, eles só vinham para prejudicar a paz alheia. Ela acreditava que seus pais inventaram isso para explicar os medos e aflições que sentiam pelas pessoas vivas e mal-intencionadas. A garota considerou o questionamento um tanto complicado e não quis mais saber desses seres. Mas alguma coisa do passado voltou a assombrá-la. Ela não sabia que era tão forte a ponto de fazê-la, talvez, abandonar tudo o que tinha conquistado até então. A partir daí, descobriu o que realmente era assustador... Aquela alma cravou sentimentos em seu coração. Sentimentos que voltaram à tona para sua vida e arremessaram-na para um lugar denso e intenso. Algo ainda mais complexo que a existência dos big boos.

Um comentário:

Henrique Gois disse...

Muito legal o texto Ana
Gosto muito da sua forma de contar histórias, por que você é bem descritiva e chaga um certo ponto que dá um salto e muda todo o panorama que você tinha construído, mas sempre mantendo a verossimilhança, como se fosse os pontos de virada dos filmes.
muito legal escritora.

bjão