No badalar de uma hora, o relógio corre e você atrás dele ou raramente na frente. No adiantar das horas, os acontecimentos passam por seu nariz sem que perceba a grande diferença entre os homens. O estranho comportamento no transporte coletivo em busca de algo que havia guardado embaixo de algum banco traseiro do ônibus. Em meio a frases soltas e o falar sozinho nas avenidas poluídas e pretas unhas de muito tempo sem saber o que é um banho. As isoladas noites no frio e de sonhos edificados no gelado concreto. Aquecido com o jornal que já não serve mais e as doses conquistadas com as míseras moedas de um dia infeliz explícito na face de um pobre ser privado de bens palpáveis e impalpáveis. Enquanto o precioso tempo passa, todas as forças daquele indivíduo se concentram na única e aparente saída: a sobrevivência. Distante da família que provavelmente teve, do tratamento que nitidamente necessitava e do aconchego que talvez tenha dispensado... Maltrapilho, ele estava perturbado com as vozes em sua cabeça, os ruídos provindos de quem só ele vê e ouve. Nas esquizofrenias da vida lamentável, aventura-se entre os carros pela rua, desafia o pingo de segurança que ainda possui já sem amor a vida, sem amor-próprio. As horas passam e ele nem sequer escuta o tic tac...
Um comentário:
Ná, esses dia desci para caminhar e ainda que não tivesse nenhum compromisso, não consegui me desligar dos ponteiros. Sem relógio, perguntei a duas crianças "vocês tem hora?".A menina mais velha, lá com seus 10, respondeu que não, seguida do menor que questionou. "Tia, o que é hora?". Antes de eu tentar responder, a menina o repreendeu: "você não tem", mas ele não desistiu: "tia, o que é hora?". É incrível como estabelecemos diferentes relações com o tempo. Boa discussão. Saudades de você!
Ah, tem post novo no Conexão7. Espero sua visita. http://conexao7.wordpress.com/
Beijos,
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