quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sãos alguns

São santos que voam densas sombras,
Repulsam em chutes nas lixeiras a maldade retraída.
Sãos são os ossos que levam e trazem o corpo inteiro,
Sãos são os membros que, mesmo em dificuldade, sustentam o esqueleto.
Sois gratos por mais um dia?
São as mudanças de rotina que perturbam e consomem a mente?
Quantas vozes, quantos murmúrios, quantos choros isolados,
Sonhos desmoronam a cada dia e nascem alguns outros poucos.
Orações ouvidas, rezas atendidas, mais um pouco...
Há o tempo limite e o tempo certo para todas as coisas.

sábado, 27 de abril de 2013

Cinzas e pó

Cinzas. O odor da transpiração de todo o corpo, da jaqueta surrada, das mãos e de tudo mais. De repente, o ar das proximidades ficou tóxico e sufocante. Escravos das substâncias, inalam e sopram nuvens de venenos pelo raro ar puro que ainda insiste em sobreviver. Muitas vezes, a nuvem percorre na direção do próximo ser humano, possivelmente azarado e passivo, que está contra o curso do vento e recebe um banho de fumaça fétida. A vida passa pela janela e o ar do lado de fora parece ser menos pior. Para o vício, a saúde não deve ter muito valor, nem mesmo a higiene, nem mesmo a educação, pois são de sombras que seus pulmões respiram, de tabaco que emanam seu cheiro e de bitucas que as ruas são cobertas. Se algum prazer há em tal prática, que a vida me preserve apenas como sofredora dessa ação, sem nunca praticá-la.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Desiluzes


Envolvem-se em romances que não viveram, mas gostariam de viver. Fantasiam a vida com a de personagens fictícios e sorriem por, às vezes, se deliciarem com alguns fatos das bases de uma história real. Exibem as capas e até lançam olhares para certificarem-se de que mais de uma pessoa viu a obra que com apreço dedicavam leitura. Entre fetiches e vampirices, a comparação com a realidade beira o esquisito e o rumo da vida deságua em decepções, pois nem todas as vontades dependem de si próprio para serem saciadas.