sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Marca registrada

        Estrangeiro. Por meio de invasões e guerras o trouxeram. Pode ser que não gostem dele, talvez ele seja comprometedor, pode ser que te incomode ou que lhe traga boa herança. O popular?! A maioria possui. Pode ser motivador, histórico e um tanto simplório, mas tem a sua marca registrada, uma família a honrar. Zelar. Para ficar na lembrança.
         Fizeram-lhe agrados, reduções, diminutivos, cortaram-no pela metade para torná-lo carinhoso, talvez. Independente disso, ele tem o mesmo significado. Existem livros que explicam seus respectivos significados e também suas origens. Os repetidos se diferenciam naquele que vem depois. Por isso, quando conheceres alguém, pergunta-lhe também a próxima marca.
        Há marcas que são adoráveis, respeitosas, marcas que dão medo ou que provocam irritação, marcas polêmicas, comuns, marcas conhecidas e desconhecidas. Essas marcas são identificadas em qualquer lugar do mundo, já chegaram a dizer que é a única coisa que te pertence... A valorização dela está em qualquer quantidade de tempo em que é preservada, perpetuará por toda a eternidade se assim desejar.

        Cordialmente, deixo-lhes minha marca em registro:

         Analina Arouche

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nota do tempo de uma chave

         Instalou-se para não mais sair. Um trinco de pensamento e ação. Atitudes sistematicamente programadas para execução. Esqueceram do tempo sozinho, do tempo acompanhado, do seu tempo. Estacionou na vida programada de tarefas, de atribuições que não mais cabiam no interior daquela perturbada fechadura. Viu muita coisa passar e muita coisa quis vivenciar. Mudaram-lhe a posição, repousou atormentada de agitação e não parou de funcionar.  O que aconteceu com a cabeça? Uma chave a quer controlar. Ora está “On”, ora está “Off”.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Raiz da beleza

          Rala cobertura apareceu. A consciência foi pouco vestida por uma só cor. Descobriu-se que podiam alterar a ordem natural do autêntico véu. Ensopado de outra coloração mudou de aparência, mas aquelas raízes não negam a origem, não negam o verdadeiro tom. Amarrados uns aos outros não consegue escapar e livres ao vento voam sem parar. Arrumados em topetes de fixação ou amaciados pelos frascos da inovação. Penteados, arrepiados em moicanos e alisados progressivamente todos os anos. No calor da chapa quente ficam brilhantes, emanam aquele cheiro molhado de caros e raros hidratantes.  Às vezes escondidos no tecido de um boné. Longos, curtos, lisos e crespos... Formam ondas de vários fios judiados, renovados na navalha das incertezas rejuvenescedoras. Maltratai-os enquanto puder, até que a cabeça brilhe e roube sua saudável estadia de mechas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ponto Cruz de Gabriela

         Naquela nécessaire havia uma caixinha verde claro de tampa rosa, agulhas com tamanhos variados estavam dentro dela. A mulher mamãe tirou de lá uma das agulhas, e da nécessaire uma toalhinha de bebê. Depois de muita consulta ao papel com várias figuras, nasceu a imagem de um urso, trocou a linha marrom por linha vermelha e costurou também um coração. A toalha branca era preenchida por adoráveis mãos delicadas e, aos poucos, seu espaço em branco ganhou figuras infantis muito envolventes. Pacientemente, a dona de um afetuoso talento, terminou a imagem e passou para o nome daquela que já estava para chegar... Escolheu a cor rosa. Conforme as perfurações na toalha, pequenas cruzes formavam o nome dela, da menina Gabriela.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nota do tempo de um temporal

Chuva, chuvinha, chuvarada! Chuvoso, chuvisco, chuviscado! É isso mesmo que está acontecendo? Sua fúria inconformada? Enxurradas de rebeldia. Pobre água! Não tem mais espaço para escoar... A selva de pedras raptou sua terra, seu espaço, seu lugar. Mortes inaceitáveis, culparam os governantes, soluções nas papeladas nunca caminham avante. Culparam também o lixo! Jogaste porcaria na rua. Joga-o também na tua casa? Aquele bicho é um cidadão, porque tem bicho que é porcalhão. Caiu muita água do céu, revoltado dilúvio de verão, quando tudo secar... A morte por falta de chuva será a reclamação.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ser humano

            Ao nascer chorou, o grito de bem-estar, de estar bem. Esperavam ele chegar. Limparam-no, seu susto aliviou. Pois foi para os abraços! E em colo quente se aquietou. Não era tigre, não era zebra, não era onça, mas suas marcas eram únicas. Intransferível ser, faz a vida ser espetacular, pela maneira de viver, um indivíduo singular! Passem dias, meses e anos, será sempre a mesma pessoa. Com sua peculiaridade, seja ela ruim ou boa. Crescer é evolução, amadurecer é etapa, sentimento é coração e do sofrimento ninguém escapa. Desanimado ou contente, viverá situações, algumas pacatamente e outras ambições. Fará exercício de paciência, talvez prefira sonhar. Nunca acostumará com a ausência daqueles que aprendeu a amar. E quando vier a hora, saberá o que fazer, pois sua vida começa a desfalecer. Ficará na memória de quantos tiver alcançado, enquanto seu viver for digno de ser propagado. Porque ser humano é humano ser.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Conto diário

Imagem: Rui Moura - br.olhares.com

O grande livro foi aberto. Suas páginas são o passaporte para a felicidade. Cada linha representa um fragmento do percurso iniciado há alguns dias. A jornada está apenas no começo e daqui em diante a chance de escrever algo novo está nos próximos espaços em branco. Cada dia preenchido é uma experiência única, que não poderá ser substituída, nem apagada, não haverá nenhuma lacuna entre o escritor e sua descrição. Se um dia deixar de escrevê-la, será lembrado da parte em que parou. Todos os teus feitos estarão arquivados nos livros anteriores a este, portanto, sua memória está ligada a um fiel registro de própria autoria. Hoje, ao entardecer, uma página será virada. Os pássaros se despedirão do sol e vão se recolher em seus ninhos, quando isso acontecer, saiba que mais um dia chegou ao fim... Uma página em branco surgirá para que você escreva mais um pouco de sua história. A vida é assim, um conto legítimo. Seu passado preservado, seu presente moldado e um futuro para planejar, se possível realizar e no fim, se é que existe um, todos terão uma história para contar, com tristezas e alegrias, com batalhas ganhas e outras perdidas. Soldados feridos, cicatrizes de guerra da luta pela sobrevivência, marcas profundas que a vida deixa. Experiências para crescer, levantar, limpar a armadura e voltar ao combate. Não se renda, nunca desista. E também não espere o inimigo recuar, porque ele espera o mesmo de você. Um novo ano é uma nova oportunidade para que, cada ser que respire, escreva mais um importante capítulo de sua vida.