Embarcaram no vagão do metrô. Com mochila nas costas, vestiam jeans e calçavam tênis. A mais encorpada vestia uma camiseta folgada. A mais magra vestia uma blusa estilo babylook. Conversavam de pertinho, usavam aliança de compromisso e estavam com os pálidos rostos avermelhados pelo sol que ardia bem acima dos trilhos. Por alguns segundos eram apenas adolescentes comuns, melhores amigas. Mas algo desviou a atenção dos homens daquele vagão quando os lábios das meigas garotas se encontraram. Naquele instante, tornaram-se atrizes de um imperdível filme. Eles as olhavam, pareciam gostar e ao mesmo tempo não acreditar. Pasmados e com receio, às vezes, mudavam de vista. Elas pareciam não se incomodar. A pouca timidez fazia com que se tornassem únicas no ambiente coletivo. Uma cena que, pelo visto, ainda está longe de ser considerada uma virtude. Por enquanto há quem respeite e não aceite, ou quem aceite e respeite, como também quem não respeite e nem aceite.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Nota do tempo de uma gestação
Nove meses foi o tempo aproximado que Ele definiu para presentear os casais com uma nova vida. E assim, por diversas gerações, almas ímpares nasceram complementando seus novos pares. Amadurecem virtudes regadas de cuidado, carinho e respeito. Suculento fruto que será colhido e saboreado. Há ainda, aqueles que o contam como se quisessem apagar o brilho das estrelas em seus bolsos. Outros que jamais contemplarão diálogos com a Via Láctea. Indiferentes aos invejosos, e gratos aos sábios, fazem de cada vitória a oportunidade de comunhão e de sagração espiritual, seja com presentes simbólicos, seja com o simples voto de amor e amizade. Abençoadas gestações intensificam sonhos de solidificar ainda mais a conquista. Quando Deus permite, a providência é apenas uma sutil e doce consequência da natureza.
Nota do tempo escrita por Johnny Nogueira dos Santos
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Ávida depreciação
Naquela vida há, nitidamente, um desgosto. Nada agrada e nenhuma causa nobre amolece aquele coração. Até o entretenimento lhe é enfadonho e banal. Ignora a classificação indicativa, valorizando somente o julgamento precoce, não reflete nem para analisar o público-alvo. Expressa opinião no vazio, muitas vezes, sem fundamento, por ser uma vida pouco vivida. E há quem siga e concorde com tais censuras, como se estivessem presos no cabresto. Seguidores que, sozinhos, perdem-se desorientados e não sabem para onde ir, algemados naquele domínio. O mestre? Continua julgando, tornando amargo o que para outros é doce. Colocando uma pitada de rabugice em vidas simpáticas. Envenenando todos ao redor com o que ainda, de fato, não sabe fazer: criticar.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Mar metalizado
33 graus Celsius. Não ventava, nenhuma nuvem fazia sombra, as fofas branquelas passeavam distantes da bola de fogo. O solo negro correspondia com mais calor e aquela onda se movimentava devagar, muito mais do que deveria e quase sempre parava. A espuma branca se enfurecia com os números elevados do contador, pois o tempo de espera era demorado demais. Algumas ondas eram demasiadamente extensas, o fim delas não se alcançava com os olhos. Não refrescava a vida, nem fazia o vai e vem da maré. Lavou a alma de muitos com inúmeros gases fétidos, deixou o calor ainda mais insuportável. O mar era renovado a cada luz verde, dissipava aos poucos até a luz vermelha interromper o curso das ondas novamente. Em pouco tempo se faziam tantos em número, em cor, em preferência, em estilo e em aparência, que já não mais ganhavam admiração. Porém, duas rodas sob leve estrutura, impulsionada pelos pés e com os cabelos ao vento, poderiam formar uma onda mais atratativa, livre de toda essa saturação.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Nota do tempo de uma grande estima
Ele apareceu naquela morada há, aproximadamente, um ano. Cheio de medos e melindres. Agachava-se a cada barulho que escutava, parecia muito abalado. Mas com o passar dos meses se adaptou e conquistou a todos os moradores daquele lar. Pequenino e magro ganhou tamanho e corpo. É dengoso, esperto e muito saudável. Sente saudades, reclama quando está incomodado e pede com olhos atentos quando precisa de alguma coisa. Como pode ele parecer tão racional quando está na cadeia dos irracionais?! Claro, aqui há suspeita para falar dele. Porém, hoje é dia de São Francisco de Assis, não que isso signifique a crença nos que já se foram e nem naqueles feitos estátuas, mas em um homem que foi conhecido por seu apreço aos animais e à natureza. Por este motivo, unicamente por este, esta é uma nota de grande estima pelo querido e amado Dilbert*.
*Clique no nome Dilbert para vê-lo.
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