quinta-feira, 28 de abril de 2011

Prudente silêncio

Vozes ao vento

dos ouvidos dispostos

para as línguas inquietas

de interpretações perigosas 

e atravessadas metas.

Para a sensatez, a indiferença.

Para a saúde, um incômodo.

Para a incerteza, uma crença.

Para toda verdade, o bom senso.

Entoe pensamento e não vozes ao vento

Enquanto avistar nuvens nebulosas, cala-te.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alma cravada

Desde quando ela era uma criança, ouvia falar deles. Os que aparecem na noite e estão nos cemitérios esperando por alguém. Às vezes ela se cobria com um lençol branco para imitá-los e provocar espanto, achava engraçado. Depois de um tempo, descobriu que eles não existiam... Decepção? Era indiferente, eles só vinham para prejudicar a paz alheia. Ela acreditava que seus pais inventaram isso para explicar os medos e aflições que sentiam pelas pessoas vivas e mal-intencionadas. A garota considerou o questionamento um tanto complicado e não quis mais saber desses seres. Mas alguma coisa do passado voltou a assombrá-la. Ela não sabia que era tão forte a ponto de fazê-la, talvez, abandonar tudo o que tinha conquistado até então. A partir daí, descobriu o que realmente era assustador... Aquela alma cravou sentimentos em seu coração. Sentimentos que voltaram à tona para sua vida e arremessaram-na para um lugar denso e intenso. Algo ainda mais complexo que a existência dos big boos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Nota do tempo de uma canção

“Acordei e abri a janela
Sol nascendo uma coisa tão bela”

A música nasce com o dia. Os passarinhos comemoram o nascimento de cada um deles, dias úteis e de descanso, estão sempre a cantar. Muitos motivos para celebrar. A vida, não tão perfeita como deveria ser. A saúde, não tão plena como se deseja... Mas enquanto houver dia para agradecer, as tristezas de outrora semearão terras encharcadas de lágrimas que renderão frutos de tudo aquilo que um dia planejou-se colher. Fazer da vida um canção é ser como os pássaros, que voam, que colhem, que se reproduzem e alimentam suas crias. Que cantam ao nascer e ao morrer de mais um dia, que constroem o próprio ninho e confiam de que o lar vai estar intacto no regresso, na certeza de um aconchego para o esperado e merecido descanso. Sonhos de passarinhos, quais serão? Não devem ser muitos, pois o sonho mais belo eles já realizam, a arte de bater as asas e levantar voo.

♪ “Ao abrir suas asas ao vento ele voou
Parecia em seu voo querer encontrar 
Com o seu Criador