Lá
fora já não pertence mais aos prisioneiros. Na condição de sua inatividade, a discreta
casa é muito admirada pela resistência, porém é demasiadamente incômodo permanecer
em suas dependências. Um estágio de desenvolvimento que talvez seja compreensível,
se bem que a reclusão quase não faz bem para ninguém, mas no caso das mariposas
e borboletas é diferente, por ser uma mudança radical em suas vidas. Passar do
rastejo para o voo é sem sombra de dúvidas um mérito louvável. Quem sabe um casulo
obsoleto possa ter o mesmo fado de concluir a incrível metamorfose e acordar
batendo asas, libertando-se de todos os invólucros medonhos da terrível e mimada
vontade de cair em prantos.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Sagrado júbilo
Idas e vindas,
Permanência satisfatória.
Anjos alados na mesma sincronia,
Gotas sem cores sobre a face da alegria.
Amor que irrompe,
Transborda em claras águas.
Enobrece sentimentos mútuos
Derrama e encharca.
Nas veias de antigas mágoas
Serpenteiam sangue de novas sagas,
Intenções, novos sonhos e caminhos,
Por onde percorrem sorrisos contínuos.
Dos suspiros de liberdade,
Sorriem tão felizes que são.
Passeios distintos de confiança,
Adiam um combate vão.
Lágrimas traduzem canções
De puro contentamento e entusiasmo,
Regozijo e exultação dessa imensa alegria.
Pois ter um ao outro é não ter ninguém.
Dos suspiros de liberdade,
Sorriem tão felizes que são.
Passeios distintos de confiança,
Adiam um combate vão.
Lágrimas traduzem canções
De puro contentamento e entusiasmo,
Regozijo e exultação dessa imensa alegria.
Pois ter um ao outro é não ter ninguém.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Articulação engessada
Portão
afora, caminhei pelo asfalto feito para rolagem de inúmeros pneus. O vento não
era congelante como deve ser em lugares de temperaturas extremamente baixas,
mas estava frio o bastante para deixar a face gelada. Garoava um pouco e
atravessar a rua foi uma das tarefas mais fáceis pela manhã. A dificuldade
começou depois que os compartimentos articulados chegaram na parada que é a
segunda mais próxima da casa onde moro. Portas adentro, logo percebi que seria
uma manhã difícil por terem muitas pessoas amontoadas atrás da catraca, o que me fez desistir de tentar passar para o outro lado. Ligeiramente me encostei
no lugar onde abrigaria uma cadeira de rodas, sim, para minha sorte era um ônibus de piso baixo. Saberão porque tive sorte assim que perceberem o motivo desse post. Desagasalhei um livro, maravilhoso por sinal, e continuei a leitura que já
avançava para a metade. Conforme o veículo andava, a articulação se enchia e
ficava cada vez mais difícil se locomover. Depois de quase uma hora, agasalhei de volta o livro querido, pois faltavam dois pontos para chegar na parada em que eu
desceria naquele dia. Fiz um verdadeiro contorcionismo para chegar até a catraca. Nesse momento,
percebi que pessoas são como o gesso, petrificadas e não flexíveis o bastante
para colaborar. Consegui atravessar a catraca, mas o gesso na minha frente se
solidificou de uma maneira que tive de ser forte para quebrá-lo, no bom sentido, claro.
Porém, abaixo do gesso havia uma armadilha. Meu pé enganchou em uma mochila
jogada no chão e fui parar no gélido concreto da calçada, ferindo o joelho que
já não é dos melhores, mas passo bem, obrigada! Apenas fico profundamente triste por
saber que pessoas, principalmente as desprovidas de educação e noção, são como um frágil
pedaço de gesso.
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