sábado, 20 de novembro de 2010

A contumácia da porta

Ela: Não é ser uma pessoa negativa!
Ele: Ops! Começa com um ‘não’ e se considera positiva?

Ela: É que o ‘não’ nega que sou negativa, entende?
Ele: Perfeitamente, mas poderia dizer de outra maneira!

Ela: A questão é que sempre quando abro essa porta você me apronta alguma...
Ele: O problema é que você abre a porta sem minha autorização. Não peço para que faça isso!

Ela: Ah! Que ótimo! Agora, a culpada sou eu?
Ele: Pode até ser minha culpa, mas eu não deixo certas pessoas entrarem só porque você abre essa porta.

Ela: Entendo. E admiro isso. Porém, queria que me avisasse quando estivesse gostando da visita.
Ele: Sim, claro. Vou lembrar disso se você não for tão cortês e convidá-la para ficar!

Ela: Não faço por querer e não consigo explicar.
Ele: Está vendo! Mais uma vez você nega suas atitudes.

Ela: E você conhece outro modo?
Ele: Conheço. Seja mais você, deixe que eu a ame primeiro e mantenha a porta fechada até que eu oriente o contrário, porque quando você diz que eu apronto, na verdade, é a consequência que você se permite sofrer.

Ela: Eu sei que dói um bocado para você, imagine para mim, que além de sentir cada pontada penso em como poderia ser diferente...
Ele: É, mas até isso acontecer, fico com extrema melancolia e provoco efeitos em você dos quais não gostaria que vivenciasse.

Ela: Agradeço. Só posso agradecer por sua compaixão e compreensão. Resta-me criar uma senha para essa porta... E que esse código seja unicamente seu.
Ele: Acredito que seja impossível colocar uma senha nas escolhas que faz, mas pode ser cautelosa no abrir da porta e deixar o convidado na sala de espera, sempre observando seus modos perante sua presença. E eu garanto que quando você for cortês demais, saberei como agir, amiga!

Ela: Obrigada, amigo. Espero que as suas batidas melhorem depois da última porrada. Serei mais atenta com os convidados.
Ele: Você sabe que mais apanho do que bato. A última porrada foi quase um nocaute, mas estou aqui cambaleando para me recuperar saudável, pois quero que você fique feliz. Adoro ter um embrulho como você!

Ela: E eu adoro te embrulhar! Dê-me avisos verdadeiros daqui pra frente...
Ele: Pode deixar, querida. Amo sentir seu amor. Amo ser seu coração! Continuarei pulsando com alegria enquanto cuidar de mim.

4 comentários:

s2...Ná...s2 disse...

Que lindo, bem bolado e inteligente esse texto Aninha.
Estou super orgulhosa...
Parabéns!!!
Queria mesmo saber o que te inspirou...Se puder depois me conta... ;)
Beijinhos!

Analina Arouche disse...

Oi, Nazinha! Obrigada!!! ^^
A inspiração veio da "extrema teimosia" (contumácia) da minha porta, compreende? Preciso dar um jeito nela...
Abraço!

s2...Ná...s2 disse...

Aninha...você é sim super criativa.
Esse foi um dos melhores textos que li esse mês...e me indentifiquei muito com ele.
Beijinhos!

Johnny Nogueira dos Santos disse...
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