Involuntariamente, lágrimas rolaram. Na batida da corda contra o chão, a blusa estilo bata pulava junto com o balanço do seu corpo. Uma brincadeira qualquer no meio da descomplicada rua sem saída. Então veio ele com seu patinete e estragou a alegria das meninas. Passou pelo meio propositalmente só para atrapalhar, achando aquilo engraçado. Ao mesmo tempo em que isso acontecia, um ser volumoso sentou no reservado com as pernas escancaradas, deixando pouco espaço para quem viesse sentar ao seu lado. Mesmo com o assento menor que o habitual, alguém sentou lá. Mas logo chegou uma gestante, a quem foi oferecido o lugar de direito, porém estreito. O verme ao lado nem se mexeu. E muitas manhãs têm o seu início assim: bêbados, desodorizados com spray nauseante, fétidos, porcos sem educação, hálitos podres, axilas ardidas e suadas. Neste final de primavera, o cheiro das flores passa bem longe daquele lugar. Esse bicho asqueroso consegue ser intragável mesmo quando criança, estragando a alegria das meninas.
*Aos homens que se esqueceram do respeito, do sabonete e de todas as maravilhas deste mundo.